Política
16/07/2019 18:07

Mourão diz que crise atual começou com a Constituição de 1988


Por Francisco Carlos de Assis e Paulo Beraldo

São Paulo, 16/07/2019 - O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, durante palestra feita nesta terça-feira, 16, disse que a crise econômica, a qual classificou de tempestade, começou com Constituição de 1988. Mourão falou por quase uma hora a uma plateia de cerca de 400 empresários que assistiram ao lançamento do Instituto Brasil 200, onde foi assinado também o Manifesto pelo Imposto Único.

De acordo com Mourão, a crise começa com a Carta Magna, que colocou uma série de despesas obrigatórias no Orçamento sem dizer de onde viriam as receitas. "Para cobrir estas despesas, o que se fez primeiro foi elevar impostos até chegar a essa carga tributária tenebrosa que os senhores empresários, empresárias e cada um de nós carrega nas costas, de 33%, 34% do Produto Interno Bruto. Aí parou. Não dá mais para aumentar imposto", disse o vice-presidente. Ele lembrou que o País superou a hiperinflação.

"O Plano Real conseguiu isso e aí se buscou o equilíbrio fiscal naquele período de governo do presidente Fernando Henrique Cardoso em cima de uma matriz econômica, de um tripé que era a meta de inflação, a taxa de juros e o câmbio flutuante. Mas na busca do equilíbrio fiscal começou-se a fazer dívidas. Mas ainda em pequeno nível", recordou Mourão.

O vice-presidente lembrou que o presidente Lula, ao ser eleito, manteve o tripé, sob a égide do ministro da Fazenda, à época, Antonio Palocci. "Segundo governo Lula, depois Dilma e aí, consequentemente a ruptura, partiram para uma visão voluntarista da economia. Uma nova matriz econômica. Vamos nos endividar, vamos desvalorizar o câmbio. Vamos lembrar que em 2008, 2009 e 2010 todo mundo viajava para o exterior. Era uma festa", criticou Mourão.

No histórico traçado pelo vice-presidente não faltaram as desonerações fiscais, que segundo ele começaram para uns, foram para outros e que hoje deságuam em uns R$ 275 bilhões em desonerações fiscais.

"E juros reduzidos por decreto! É mole, né? Por decreto reduz os juros. Senhoras e senhores, geramos uma dívida boçal. Temos uma década perdida. Entre 2005 e 2015, em torno de R$ 700 bilhões de dívida foram feitos pelo governo e entregue ao BNDES", disse Mourão, acrescentando que "isso foi bater nas refinarias premiuns da Petrobras que não existem, na Sete Brasil e em outros campeões nacionais, em obras inacabadas - temos 7 mil obras inacabadas neste País -, transposição do São Francisco e por aí afora", disse o vice-presidente.

Tudo isso, de acordo com Mourão, levou à contabilidade criativa, às pedaladas e ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. "Essa é a situação das nossas contas públicas nas contas do padeiro, porque aí, senhoras e senhores, não estão os juros da dívida. Porque nós estamos pagando R$ 400 bilhões da dívida. Estamos entrando no sexto ano no vermelho", disse, acrescentando que é preciso lembrar que para 2019 o déficit previsto é de R$ 139 bilhões. "É a nossa dívida para este ano", disse.

"Então é esse pacote que o presidente Bolsonaro herdou. Se existe herança maldita, é essa aí", disparou Mourão, acrescentando que "esse leão precisa ser domado". "Eu lembro Machado de Assis: 'Quando alguém tem a vocação da riqueza, mas sem a vocação do trabalho, a resultante desse impulso é uma só: dívida'", finalizou.

Contato: francisco.assis@estadao.com e paulo.beraldo@estadao.com
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