Por Emilly Behnke
Brasília, 13/04/2021 - O presidente Jair Bolsonaro voltou a falar hoje, 13, contra as medidas de fechamento adotadas para frear a pandemia da covid-19. Para uma claque agitada, o chefe do Executivo se queixou de críticas direcionadas ao seu governo e chegou a abandonar a conversa com os simpatizantes após ter sido interrompido mais de uma vez.
"O pessoal fica reclamando que acabou o emprego, quem fechou o comércio não fui eu. Quem te obrigou a ficar em casa não fui eu. Eu faço a minha parte. É impressionante, com todo respeito aqui, o pessoal em vez de dar força para mim, criticam. Eu não sou ditador do Brasil", declarou para apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.
Na conversa, Bolsonaro respondeu a um apoiador que pediu maior atenção para o Estado do Rio de Janeiro. "Lá o povo elegeu 70 deputados estaduais e elegeu 51 vereadores. Eu sou presidente da República. Estados e municípios têm outras pessoas para tomar contar", disse. O presidente tem defendido que a CPI da Covid-19 também investigue governadores e prefeitos e suas ações durante a crise sanitária.
Em mais uma queixa, o presidente também citou ser cobrado por suas indicações de autoridades. Ontem, Bolsonaro riu quando soube que seu indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Kassio Nunes Marques, foi sorteado relator de um mandado de segurança para obrigar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a abrir um processo de impeachment contra o também ministro do STF Alexandre de Moraes.
A ação contra Moraes foi protocolada pelo senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) nesta segunda, 12, após o parlamentar divulgar uma conversa sua com Bolsonaro, em que o presidente defendeu o andamento de processos de afastamento contra integrantes do STF. "Olha só, quando indicavam ministro para o Supremo ninguém falava nada, quando indicavam uma autoridade para tudo quanto é lugar ninguém falava nada. Agora, cobram tudo de mim", disse Bolsonaro hoje.
O presidente também fez referência a uma declaração feita por Kajuru, mas não concluiu o raciocínio. Incomodado com interrupções, se despediu e deixou o local. "O senador Kajuru falou que dei um chá de cadeira de dez horas no presidente da Pfizer, é isso mesmo? E falou que um ex-ministro ia... um ex-ministro... Pessoal, obrigada aí", disse e foi embora em direção ao Palácio do Planalto, onde despacha diariamente.
Kajuru afirmou nesta segunda-feira, 12, em entrevista à CNN Brasil que, no ano passado, Bolsonaro teria se recusado a receber o presidente da farmacêutica Pfizer, produtora de vacinas contra a covid-19. Na ocasião, o executivo teria esperado cerca de dez horas por um retorno de Bolsonaro, que não o recebeu. O senador afirmou que um "ex-ministro da Saúde" poderia confirmar o ocorrido.
Em suas redes sociais, Bolsonaro compartilhou trecho da entrevista de Kajuru e disse que as declarações eram mentirosas. "Mais uma mentira do Kajuru. Quem seria o ex-ministro da Saúde citado pelo senador? Com a palavra aquele que me gravou, obviamente, sem autorização", escreveu. Desde o início da pandemia, já ocuparam a vaga de ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello.
contato: emilly.behnke@estadao.com;
Para saber mais sobre o Broadcast Político, entre em contato com comercial.ae@estadao.com