Agronegócios
24/07/2019 16:02

Safra de grãos pode crescer 27% na próxima década, para 300 mi de t, mostra estudo


São Paulo, 25/07/2019 - O Brasil deve produzir na próxima década cerca de 300 milhões de toneladas de grãos, ou mais 62,8 milhões de toneladas (27%) em relação à produção atual (236,7 milhões de t). O crescimento anual deverá ser de 2,4% até 2028/29, segundo o estudo "Projeções do Agronegócio, Brasil 2018/19 a 2028/29", da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), atualizados em julho deste ano.

O estudo leva em consideração para os cálculos a produção de grãos de 236,7 milhões de toneladas, segundo levantamento de maio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O aumento da safra virá, principalmente, do cultivo de soja e de milho nos Estados de Mato Grosso (+129,5 mil toneladas) e do Paraná (+64 mil toneladas), segundo o coordenador-geral de Avaliação de Políticas e Informação do ministério, José Garcia Gasques, e um dos pesquisadores das projeções.

A produtividade da agricultura deve crescer no próximo decênio a uma taxa anual de 2,98%, pouco abaixo da calculada para anos anteriores. Gasques disse em comunicado do ministério que "testes realizados sobre os impactos de políticas mostram que, entre outras medidas, os investimentos em pesquisa e as exportações do agronegócio são as principais variáveis impactando positivamente na produtividade”. O coordenador também cita o crédito rural e os preços agrícolas como fatores significativos para o aumento da produtividade.

O crescimento da produção agrícola no Brasil deverá continuar ocorrendo com base na produtividade. “Em grãos, esse fato é verificado ao se observar que para os próximos dez anos, a produção está prevista crescer 27% e a área plantada, 15,3%”. Com base na produtividade, a maior alta deverá ocorrer no Norte e no Centro Nordeste do País.

O mercado interno, com as exportações e os ganhos de produtividade, também vai impulsionar o crescimento nos próximos dez anos, diz o ministério.

Os produtos mais dinâmicos do agronegócio brasileiro (com maior crescimento) deverão ser carne suína, soja em grão, algodão em pluma, celulose, milho, carne de frango, leite e açúcar. Entre as frutas, os destaques são para a manga, uva e maçã.

As carnes (bovina, suína e de frango) devem passar do volume atual de 26 milhões de toneladas para 33 milhões de toneladas, alta de 27%. As carnes suínas e de frango são as que apresentam maior destaque nos próximos anos, com incremento de aproximadamente 28% cada uma.

Regiões

O estudo mostra, ainda, que a maior expansão de produção se dará no Centro-Oeste: de 107,4 milhões de toneladas para 143 milhões de toneladas, com projeção de ganhos de produção de 33%. Na Região Sul, o aumento será de 20% na produção de grãos, saindo de 78 milhões toneladas para 93,6 milhões toneladas. A Região Norte crescerá 30% no período estudado, de quase 10 milhões de toneladas para 12,7 milhões de toneladas.

Entre os grandes Estados produtores, Mato Grosso continuará liderando a expansão da produção de milho e soja no País, com aumentos previstos de 35,4% e 43,1%, respectivamente. “O acréscimo da produção de milho deve ocorrer especialmente pela expansão da produção do milho de segunda safra”, explicou Gasques.

Segundo a pesquisa, o interesse pelo grão ocorre por causa da expansão da indústria do etanol de milho, principalmente no Centro-Oeste, e também como suprimento de ração animal por meio do DDG (Dried Destilers Grains), que é um subproduto rico em proteínas e fibras fornecido como alimento a bovinos, suínos e aves, exemplifica o coordenador.

A soja, carro-chefe do setor, deve ter forte expansão em Estados da Região Norte (Tocantins, Rondônia e Pará). No Pará, a produção deve aumentar 51,3%; em Rondônia, 55,9%; e em Tocantins, 57,78%. Contribuem para isso a atração pela cultura e a abertura de novos modais de transporte nos próximos anos.

A pesquisa usou dados da Conab, Embrapa, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (United States Department of Agriculture/USDA, sigla em inglês), Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
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