Por Pedro Caramuru
São Paulo, 15/03/2021 - A popularidade do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais começou esta semana em queda, segundo levantamento realizado pelo banco Modalmais e a consultoria AP Exata. O presidente terminou o fim de semana com 70% de menções negativas (aumento de 4 pontos porcentuais em comparação a sábado, 13) e 30% de positivas.
Entre os fatores, está a rejeição dos apoiadores bolsonaristas à indicação da médica cardiologista Ludhmila Hajjar, cotada para assumir o Ministério da Saúde. Hoje (15), Ludhmila anunciou que descartou o convite. Também contribuem para a taxa as manifestações que causaram aglomerações neste domingo (14) favoráveis a Bolsonaro, bem como as acusações de tráfico de influência pelo filho dele Jair Renan, que teria recebido um carro elétrico avaliado em R$ 90 mil como presente de uma empresa mineradora.
De acordo com a pesquisa, desta sexta-feira (12) pra cá, o porcentual de internautas brasileiros que avaliam a gestão de forma negativa oscilou positivamente em 0,1 ponto porcentual e está em 43,4%. Os que estimam positivamente somam 31,1% (variação negativa de 0,1 p.p.) e regular, 25,5%.
Ao invés de melhorar a aprovação de Bolsonaro, as manifestações a favor do governo que foram realizadas neste domingo - momento em que o País enfrenta a pior fase da pandemia de covid-19 até então - reforçaram a avaliação de que ele é negacionista em relação ao impacto da doença e que não tem agido de forma eficaz. O volume de menções negativas atingiu 70% no Twitter, enquanto que o apoio a Bolsonaro ficou restrito à bolha de militantes.
Por outro lado, a mesma classe de apoiadores do presidente descartou a adesão ao nome de Ludhmila, que havia sido cotada para substituir o atual ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Bolsonaristas a associam a desafetos políticos de Bolsonaro, como, por exemplo, à ex-presidente Dilma Rousseff, com quem ela participou de uma transmissão pelas redes sociais, ao ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) ou ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar da rejeição à cardiologista, o movimento não se converteu em apoio a Pazuello, que segue, perante a opinião nas redes, enfraquecido e desacreditado.
Outro assunto que foi comentado foi o presente - um carro elétrico avaliado em R$ 90 mil - que teria sido dado por representantes da empresa mineradora Gramazini Granitos e Mármores Thomazini a Jair Renan Bolsonaro, filho do presidente. O gesto é alvo do Ministério Público Federal (MPF), que instaurou um procedimento preliminar para apurar possíveis crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro. No fim de semana, o assunto ficou entre os mais comentados do Twitter.
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