Por Gregory Prudenciano e Pedro Caramuru
São Paulo, 30/10/2019 - A rede de microblog Twitter decidiu nesta quarta-feira, 30, proibir globalmente a publicação de anúncios políticos em sua plataforma. Segundo comunicou hoje Jack Dorsey, desenvolvedor de software que é um dos criadores da rede social, o Twitter "acredita que o alcance de mensagens políticas deveria ser merecido, não comprado".
"Uma mensagem política merece alcance quando as pessoas decidem seguir uma conta ou retuitar. Pagar por alcance impede esta decisão, forçando nas pessoas mensagens políticas altamente otimizadas e segmentadas. Nós acreditamos que essa decisão não deveria ser afetada por dinheiro", tuitou Dorsey, que vê na possibilidade de hipersegmentação das propagandas políticas um risco para a própria política.
"Publicidade política na internet implica em desafios totalmente novos para o debate público: a otimização de mensagens e hipersegmentação baseadas em machine learning, informações enganosas não checadas e deep fakes. Tudo em uma velocidade crescente, com sofisticação e em uma escola impressionante", escreveu o cofundador do Twitter.
Segundo Dorsey, o Twitter cogitou barrar somente anúncios de candidatos, mas optou por uma proibição mais generalista diante da dificuldade de impedir que usuários burlassem a medida. "Além disso, não é justo que todos os usuários, menos os candidatos, possam pagar por anúncios para divulgar o que desejarem", explicou o americano.
O Twitter deve anunciar a nova política em detalhes no dia 15 de novembro, e sinalizou que deve haver algumas exceções. A rede social deverá começar a notificar seus usuários em descumprimento com a medida em 22 de novembro. Se antecipando a críticas, Dorsey ressaltou que a nova política não trará prejuízo à liberdade de expressão.
"Isso é sobre pagar por alcance. E pagar para ampliar o alcance de um discurso político tem hoje implicações significativas, com as quais a estrutura democrática talvez não esteja preparada para lidar", completou.
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