Por Leticia Pakulski
São Paulo, 28/08/2020 - A safra 2020/21 de soja que será semeada em breve no Brasil tem perspectiva financeira inicial positiva para os produtores, com boas expectativas de rendimento e preço, apesar do aumento do custo de produção, apontou a consultoria Datagro. A consultoria prevê lucratividade bruta, relação entre a receita média obtida e o custo de produção, entre 33% e 54% no País. Caso isso se confirme, seria o 15º ano consecutivo de resultado positivo na renda da maioria dos produtores de soja do país, disse a Datagro.
"Estamos considerando a favor do resultado financeiro deste novo ano, por enquanto, boa expectativa de produtividade média, por bom nível tecnológico e clima ainda regular em tempos de La Niña fraco (esta é uma variável importante, e que está ainda em aberto), custos de produção maiores, especialmente em função da força na taxa de câmbio, e preços médios conservadores sobre o ano atual, mas provavelmente bem acima das médias normais", disse o coordenador da Datagro Grãos, Flávio Roberto de França Junior, em nota.
Segundo a Datagro, a expectativa é de preços internos próximos das parciais de 2020, com alta das cotações médias na CBOT e câmbio ainda influenciado pela pandemia do novo coronavírus e seus impactos na economia, além de demanda externa firme, melhora gradual nas condições de logística dos portos brasileiros e manutenção dos atuais patamares dos fretes marítimos.
Por outro lado, os custos de produção serão mais elevados, conforme a consultoria. Em Mato Grosso, os custos variáveis (insumos, sementes, fertilizantes, defensivos e outros) podem ter alta de 2% ante a última safra devido ao dólar fortalecido, e os fixos, aumento de cerca de 24%, com influência de despesas com terra, gastos financeiros e depreciações. No Paraná, os incrementos devem chegar a 4% nos custos variáveis e 7% nos fixos e, no Rio Grande do Sul, são esperados avanços de 4% e 16%, respectivamente.
A consultoria projeta lucratividades brutas positivas para a maioria dos produtores brasileiros. "Caso essa sinalização se confirme, estaríamos falando do 15º ano consecutivo de avanço da renda de boa parte dos produtores brasileiros”, disse França Jr. A lucratividade bruta em regiões do Paraná, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Goiás oscilaria entre 33% e 54%, com hipóteses de cotação na CBOT entre US$ 8,80 e US$ 9,80 por bushel e base de produtividade média de 3.600 kg/ha.
Contato: leticia.pakulski@estadao.com