Por Julliana Martins
São Paulo, 03/09/2020 - A retomada na demanda chinesa por soja, após a primeira fase do acordo comercial entre Estados Unidos e o país asiático, está contribuindo para recuperar as cotações do grão na Bolsa de Chicago (CBOT), depois de um tombo nos preços no ano passado. A avaliação é da analista do Commerzbank, Michaela Kühl, em comentário diário enviado a clientes nesta quarta-feira. A China voltou a realizar pedidos de soja dos EUA ontem e o mercado espera ver novas compras hoje, em relatório semanal de exportações que será publicado logo mais pelo Departamento de Agricultura do país (USDA, na sigla em inglês). O vencimento novembro da soja BA CBOT subiu ontem 7,25 cents (0,76%), para US$ 9,62 por bushel.
A analista do banco alemão observa que a China vem encomendando volumes robustos não apenas de soja. "Os pedidos da China de carne de suíno, frango e milho dos EUA - em uma base cumulativa ao longo do ano - agora atingiram o nível mais alto de todos os tempos", afirma ela. Michaela destaca também que o país asiático se tornou um dos principais compradores do mercado de grãos norte-americano, após ter seguido por muito tempo uma política de autossuficiência em grãos. "Essa política agora foi flexibilizada e a produção não está acompanhando a demanda", disse no relatório.
Na avaliação do banco, a China vem enfrentando uma série de aumentos nos preços internos do setor de alimentos. A peste suína africana, que dizimou o rebanho de suínos do país, por exemplo, levou a preços recordes de carne suína e de milho. A perspectiva para a temporada 2020/21 é de que a China importe quantidades "anormalmente grandes" de milho e reduza ainda mais os seus estoques, de acordo com a analista.
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