Agência Minera Brasil
25/03/2024 06:00

Terras Raras de Minas Gerais: novos horizontes para transição energética e para a geopolítica de minerais estratégicos




Os anúncios de investimentos bilionários das empresas australianas Meteoric e Viridis Mining and Minerals para desenvolver projetos de terras raras em Minas Gerais tiveram grande repercussão. Mas o que são essas "terras raras", para que servem e qual o tamanho da oportunidade desse negócio?


Terras raras são elementos químicos cruciais para diversas tecnologias contemporâneas, desde smartphones, veículos elétricos e turbinas eólicas. Seu papel é essencial na transição para uma economia mais sustentável e eficiente em termos energéticos. Estes elementos, que compreendem uma série de 17 metais, têm propriedades únicas que os tornam indispensáveis em várias aplicações de alta tecnologia.

Os minerais de terras raras podem ser encontrados na natureza de diferentes formas, como nos minerais de óxido (hematita, minério de ferro), nos minerais de fosfato, de carbonatos (como o de cálcio, usado na indústria de cimento), em rochas ígneas como o granito, ou ainda na forma de argilas.
As maiores reservas mundiais de terras raras estão na China (44 milhões de toneladas). O Brasil vem a seguir, junto com o Vietnã (22 milhões de toneladas), de acordo com United States Geological Service (USGS). A China, de fato, é o principal player do mercado, dominando 60% da produção e 90% do refino e processamento desses elementos. A dominância chinesa é motivo de dor de cabeça para os Estados Unidos e União Europeia. As restrições impostas pela China à exportação desses elementos e a volatilidade no suprimento global criaram um risco geopolítico e econômico, estimulando essas nações a buscarem fontes alternativas e a reduzir sua dependência do mercado chinês.
Neste cenário, Minas Gerais desponta como uma região estratégica. O estado abriga significativas reservas de terras raras, principalmente em jazidas próximas a vulcões extintos, como nas cidades de Araxá e Poços de Caldas. Além disso, a posição geopolítica favorável do Brasil, com relações comerciais sólidas com os Estados Unidos e a União Europeia, oferece oportunidades únicas para a exploração sustentável e o desenvolvimento dessa indústria, se posicionando como alternativa à China.
O mercado global de terras raras é estimado em cerca de 6 bilhões de dólares por ano, com projeções de crescimento de 10% ao ano, podendo atingir 14 bilhões de dólares até 2028, de acordo com o relatório da consultoria Grand View Research. O crescimento é impulsionado pela crescente demanda por tecnologias de energia limpa, eletrônicos de consumo e veículos elétricos, todos os quais dependem fortemente dos elementos de terras raras em suas aplicações.
Para ser relevante nesse mercado, Minas deve ir além da disponibilidade desses materiais. Devemos criar um ecossistema que estimule o desenvolvimento de projetos minerais, combinando acesso ao mercado de capitais, previsibilidade e segurança nos processos de licenciamento ambientais, disponibilidade de mão de obra e serviços especializados. Sob a liderança do Governador Romeu Zema, Minas tem trilhado esse caminho.
Portanto, o Estado reúne condições para avançar em tecnologias para o refino e beneficiamento desses elementos. O Laboratório de Produção de Ímãs de Terras Raras (LABFAB ITR), recentemente adquirido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) junto a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (CODEMGE), posiciona Minas Gerais como um centro de excelência na pesquisa e desenvolvimento relacionados às terras raras. O laboratório, único no hemisfério sul, desempenhará um papel fundamental na capacitação de especialistas locais e no avanço de tecnologias associadas a esses elementos vitais.

João Paulo Braga, Diretor Presidente da Invest Minas - Agência de Promoção de Investimentos do Governo de Minas Gerais



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