Por Pedro Caramuru e Matheus de Souza
São Paulo, 06/05/2021 - Diante da insistência de senadores por uma resposta sobre a defesa presidencial para uso da cloroquina contra a covid-19, apesar de não haver evidência científica, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, respondeu que o medicamento não é fundamental no tratamento da doença.
“Fundamental é a vacinação”, disse durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 no Senado. “Eu apoio a vacinação”, completou. O uso do medicamento sem eficácia comprovada é um dos destaques do depoimento do ministro nesta quinta-feira (6).
Queiroga disse mais cedo que não faria “juízo de valor” acerca da “opinião do [presidente Jair] Bolsonaro” sobre o remédio. Conforme ressaltou, a decisão sobre o uso da cloroquina está sob análise da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), a qual tem 180 dias para decidir sobre o assunto. Segundo reforçou, hoje há maior conhecimento acerca do uso do medicamento e cabe edição de novo protocolo clínico.
Diante da reclamação dos senadores pela demora na análise pelo órgão, o ministro ressaltou que não é a ausência de protocolo clínico que está causando a atual situação sanitária. “O protocolo clínico e a questão do tratamento farmacológico hospitalar, já há praticamente um consenso que esses medicamentos que vossa excelência faz alusão, eles não teriam utilidade nesse momento. A questão que se discute aqui é se eles teriam alguma utilidade no início da doença, no chamado tratamento precoce”, disse. “O protocolo clínico, em tese, deveria conter medicações aprovadas pela Anvisa”, destacou.
Durante o depoimento, Queiroga reforçou os efeitos colaterais que o medicamento pode apresentar. “Independente do paciente ter covid ou não, esses medicamentos, como outros medicamentos, podem causar arritmias. A hidroxicloroquina é uma medicação que prolonga o que nós chamamos de intervalo QT [entre batimentos cardíacos]. Naturalmente que isso aí precisa ser avaliado pelo médico”, disse o ministro.
Queiroga afirmou que desde que tomou posse no ministério não tomou conhecimento sobre os estoques de cloroquina pelo governo federal. “Não me deparei com situação para verificar estoque desse fármaco”, disse. Segundo reportagem do Estadão/Broadcast, em agosto do último ano havia cerca de 1 milhão de comprimidos parados em armazéns do Exército.
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