Por Mateus Vargas
Brasília, 23/10/2019 - O Greenpeace realizou protesto na manhã desta quarta-feira, 23, em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília, contra a política ambiental do governo Jair Bolsonaro (PSL). Os manifestantes colocaram tinta preta no asfalto para simbolizar o óleo derramado nas praias do Nordeste. Também espalharam madeira queimada, que teria sido recolhida de locais de extração ilegal na Amazônia.
Segundo a organização não governamental (ONG), 23 ativistas foram detidos pela Polícia Militar do Distrito Federal e levados à delegacia. A PM não confirmou o número.
Em frente ao Planalto, foram postas placas com as mensagens "Pátria queimada, Brasil", "Um governo contra o meio ambiente" e "Brasil manchado de óleo".
O protesto mobilizou tropas da PM, além da equipe de segurança do Palácio do Planalto. O trânsito em frente à sede do governo foi bloqueado.
Segundo o Greenpeace, a tinta utilizada é uma mistura não tóxica de tapioca maizena e anilina.
Por volta de 9h45, a entidade aceitou levar os manifestantes para o outro lado da via e liberar o tráfego para carros em frente ao Planalto. Mas disse que manteria a instalação com tinta e madeira.
"Esse protesto é contra a política 'antiambiental' e de desmonte da gestão e proteção ambiental promovida por este governo", disse Thiago Almeida, porta-voz de clima e energia do Greenpeace.
O governo Bolsonaro tenta contornar críticas sobre a demora para agir contra o avanço do óleo. Na segunda-feira, 21, o presidente em exercício, Hamilton Mourão (PRTB), anunciou que o Exército reforçaria a limpeza das praias e admitiu que a medida era uma forma de dar "mais visibilidade" às ações do governo.
"O governo precisa colocar em prática de maneira efetiva e eficiente o plano nacional de contingência, que tanto demorou para acionar. E, claro, encontrar o ponto de origem para procurar causa e punir", disse o porta-voz do Greenpeace.
O protesto foi feito durante viagem do presidente Bolsonaro à Ásia. O general Mourão está no Palácio do Planalto. Segundo os manifestantes, o protesto sem a presença de Bolsonaro foi uma coincidência.
Nas redes sociais, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, criticou a ação do Greenpeace, classificando-os de "ecoterroristas". "Não bastasse não ajudar na limpeza do petróleo venezuelano nas praias do Nordeste, os ecoterroristas ainda depredam patrimônio público", escreveu Salles.
O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente, também ironizou o protesto. "Nunca se importaram com o que dizem se importar realmente. Se animam somente com outra coi$a e estão dificultando para eles! Fácil entender tudo que está acontecendo nesse caso", publicou o filho de Bolsonaro.