Por Julia Lindner, enviada especial, e Augusto Decker
Pequim e São Paulo, 25/10/2019 - O presidente Jair Bolsonaro afirmou, após encontro com o presidente chinês Xi Jinping, que Brasil e China estão "próximos de 100% afinados" na questão econômica, e que questões políticas - inclusive as disputas entre China e Estados Unidos, outro país que Bolsonaro vê como importante aliado - serão discutidas "caso a caso". "Nunca seremos 100% afinados (com a China), mas na questão econômica, acredito que estamos bem próximos disso", afirmou o presidente brasileiro.
A leilão da cessão onerosa é uma das questões econômicas em que parece haver alinhamento. De acordo com Bolsonaro, a China pode participar do próximo leilão. "As informações que eu tive são que a China tem interesse em participar. E é bom para todos nós", declarou.
O presidente brasileiro afirmou que na reunião também se falou do etanol. Segundo Bolsonaro, o governo chinês se interessa no biocombustível por buscar cumprir metas de menor poluição e emissão de CO2. "Acredito que brevemente, estaremos exportando etanol para a China", completou.
Bolsonaro aproveitou para fazer elogios à carne brasileira - outro produto para o qual ele e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, tentam abrir mercados. "Ele (Xi) falou que gosta de churrasco e falou muito bem da carne brasileira. Eu espero que isso ecoe em todos os continentes e países do mundo - que a carne brasileira é inigualável", afirmou. Ontem, Tereza Cristina já declarou que novos frigoríficos brasileiros devem ser habilitados para exportar ao gigante asiático.
O presidente, ao elogiar a posição do embaixador chinês no Brasil em relação à "soberania brasileira" sobre a Amazônia, falou em "China única e Brasil único", ressaltando que, quando passou por Taiwan, "era apenas parlamentar e foi de passagem, nada oficial".
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