Por Pedro Caramuru
São Paulo, 12/03/2021 - A popularidade do governo Jair Bolsonaro apresenta nesta sexta-feira (12) tendência de queda em repercussão aos fatos da semana, como as declarações do ex-presidente Lula, avanço da pandemia, desidratação da PEC Emergencial e a inflação, segundo levantamento realizado pelo banco Modalmais e consultoria AP Exata.
Segundo o levantamento, que leva em consideração as pesquisas de opinião e publicações em redes sociais, nesta semana, o percentual de brasileiros que avaliam a gestão de forma negativa é de 43,3% (oscilação positiva de 0,1 pontos percentuais em relação à última semana) enquanto que os que avaliam de forma positiva somam 31,2% (queda de 0,4 p. p.). Regulares são 25,5% (aumento de 0,3 p.p.).
De acordo com o estudo, a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin que beneficiou o ex-presidente Lula antecipou o calendário eleitoral e ensejou uma mudança de estratégia no Planalto, agora em defesa de vacinas contra a covid-19. O apoio do mercado financeiro - ainda que frustrado com o andamento das reformas - a Bolsonaro ganhou uma sobrevida pelas declarações de Lula essa semana no Sindicato dos Metalúrgicos. Nas entrelinhas do discurso, investidores se preocupam com a possibilidade de re-estatizações de subsidiárias da Petrobras e o andamento das privatizações caso o ex-presidente retorne ao poder.
Internautas compararam os índices econômicos do petista com a atual situação do País, o que impulsionou a reprovação do governo. Por um período curto, cresceram às críticas ao PT por envolvimento em escândalos de corrupção. Entretanto, com o desfecho que teve a participação do ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro no governo e fim da Lava Jato atribuído também à gestão Bolsonaro, as narrativas perderam a capacidade de impulsionar a aprovação do presidente. Nas redes, Moro passou a ser colocado como uma terceira via para as eleições de 2022 em conjunto com o ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta.
A possibilidade de uma ruptura institucional também ganhou força essa semana com a crítica do Clube Militar à decisão de Fachin e a declaração de Bolsonaro de que seria “fácil impor uma ditadura no Brasil”. “Se eu levantar a minha caneta Bic e disser ‘Shazam!’, eu vou ser ditador”, afirmou Bolsonaro durante transmissão semanal ontem (11) à noite. Neste domingo (14) estão previstas manifestações em portas de quartéis pelo País a favor do presidente e dos militares no poder.
Outro ponto destacado pelo levantamento é o possível colapso do sistema de saúde: a alta de internações e sucessivos recordes em número de mortos pela covid-19 é uma preocupação dos internautas que veem um novo patamar da pandemia. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, apesar de se manter no cargo, perdeu credibilidade em ambos os espectros ideológicos.
Sobre os assuntos do Congresso, a volta de Lula preocupa pela possibilidade de exacerbar os arroubos populistas do governo, entre elas a desidratação da PEC Emergencial, e impulsionar temas fora da pauta econômica, como, por exemplo, a volta do voto impresso.
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