Por Nicholas Shores
São Paulo, 19/03/2021 - A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou que publicará, ainda nesta sexta-feira (19), medidas regulatórias emergenciais para enfrentar a escassez de medicamentos que compõem o chamado “kit-intubação”. Entre elas, está a possibilidade de importação direta de insumos por hospitais e redes hospitalares.
O órgão sanitário também afirmou que vai buscar conferir “máxima agilização” aos processos de autorização.
A informação foi compartilhada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em sua conta no Twitter, que comentou que a permissão para a importação direta dos medicamentos têm o objetivo de evitar desabastecimento.
Ontem (18), o coordenador do tema da vacinação no Fórum Nacional dos Governadores, Wellington Dias (PT-PI), enviou ofício ao chefe do Planalto alertando que ao menos 18 Estados só têm mais, no máximo, 20 dias de cobertura de todos os componentes do “kit-intubação”.
Um dos pedidos que o governador do Piauí elencou no documento foi que o governo federal realizasse com urgência aquisições internacionais dos insumos, contando com apoio logístico da Força Aérea Brasileira, e amparado em tratativas diplomáticas junto a outros países e entidades de fora do Brasil. Dias recomendou que Bolsonaro ressaltasse a nações estrangeiras a gravidade do que chamou de “emergência humanitária” no Brasil.
O coordenador do Fórum também pleiteou que o governo federal promova compras emergenciais dos medicamentos, “a serem realizadas intensivamente e de forma contínua pelo período mínimo de 60 dias”, estabeleça uma conduta nacional para adiar, por no mínimo 60 dias, “todas as cirurgias eletivas, nos setores público e privado”.
O Ministério da Saúde informou ontem ter requisitado os estoques da indústria de medicamentos do kit-intubação. Segundo a pasta, a ordem de entrega dos fármacos foi feita anteontem (17) e deve suprir a demanda do Sistema Único de Saúde (SUS) por 15 dias, com 665,5 mil comprimidos.
A situação mais crítica, segundo regulação de estoques monitorada pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), é a de medicamentos bloqueadores neuromusculares. São eles o atracúrio, cisatracúrio, rocurônio e propofol. Alguns desses insumos estão em falta ou em baixa cobertura - ou seja, com estoque suficiente para períodos que vão de zero a 20 dias - em até 21 Estados, de acordo com dados da semana passada.
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