Por Emilly Behnke, Nicholas Shores e Daniel Galvão
Brasília, 18/03/2021 - Em meio às especulações sobre o cenário eleitoral de 2022 após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter se tornado elegível, o presidente Jair Bolsonaro disse hoje, 18, não ter "obsessão" por ser presidente. Sem citar o nome do petista, o chefe do Executivo disse que "tudo indica" que Lula - a quem se referiu como "capitão corrupção" - concorrerá às eleições em 2022.
A fala ocorreu depois de Bolsonaro voltar a defender o tratamento precoce contra a covid-19 e pedir que não falem mal da orientação, que não tem, contudo, eficácia científica comprovada. "Não vamos remar simplesmente contra, falar mal, ‘capitão cloroquina’. Tá pensando que está me ofendendo? Vocês vão ter o capitão corrupção, tudo indica, concorrendo em 2022, aquele velho barbudo, capitão corrupção”, disse, durante sua live semanal nas redes sociais em referência ao ex-presidente.
“Não tenho obsessão por ser presidente, por candidatura. Fiquei 28 anos dentro da Câmara, dois anos como vereador, nunca tive problema nenhum. E a gente vai tocando o barco”, acrescentou. Na manhã desta quinta-feira, Bolsonaro disse para apoiadores que havia uma "luta política ferrenha para 2022" e criticou as gestões dos governos petistas. Mais cedo, Bolsonaro citou a decisão do Supremo Tribunal Federal de anular as condenações de Lula ao dizer que a Corte tornou elegível “um dos maiores bandidos que passou pelo Brasil”.
Na live de hoje, o presidente também voltou a defender o retorno à normalidade, sem medidas restritivas para conter a disseminação do novo coronavírus. "Eu tenho compromisso com o Brasil, se eu pensasse em reeleição não estaria agindo dessa maneira", disse.
Bolsonaro indicou ainda que, caso a economia "pare de rodar", o salário dos servidores públicos poderia ser afetado. "Hoje servidores públicos, graças a Deus, podem ficar em casa que o salário pinga todo mês, o meu também pinga todo mês", citou.
"Se a economia parar de rodar, nós pararmos de exportar, e cada vez mais ter que gastar recursos com gente que não tem emprego porque perdeu, vai faltar dinheiro para pagar servidor. Nós não podemos admitir isso", declarou.
Pressionado por sua atuação durante a pandemia da covid-19, o presidente também voltou a se queixar sobre a atuação da imprensa e rebateu críticas sobre ser chamado de ditador. "Me aponte um ato meu ditatorial ao longo de dois anos e dois meses, um só", disse.