Por Pedro Caramuru, Matheus de Souza e Amanda Pupo
São Paulo e Brasília, 12/05/2021 - O senador Otto Alencar (PSD-BA), afirmou que irá apresentar um requerimento para que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado convide repórteres da revista Veja a prestar esclarecimentos. Segundo Otto, o convite aos responsáveis pela entrevista com o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten, serviria para confrontar as declarações feitas hoje por Wajngarten.
Há pouco Wajngarten negou ter feito críticas diretas ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello pela forma como conduziu as ações contra a covid-19 no Brasil. Há pouco a revista publicou áudio da entrevista com Wajngarten em que o ex-secretário avalia como “incompetência” a causa do entraves nas negociações por vacinas.
“Foi incompetência. Incompetência. Quando se tem um laboratório americano com cinco escritórios de advocacia apoiando uma negociação e se tem do outro lado um time pequeno, tímido, sem experiência, é 7 a 1”, afirmou Wajngarten à revista, segundo áudio divulgado.
De acordo com Alencar, “alguém está mentindo”. “Ou ele, ou então os repórteres”, afirmou. Durante sua oitiva no senado, Wajngarten se esquivou de perguntas e evitou realizar críticas à gestão de Pazuello na Saúde, tendo inclusive o considerado o ex-ministro como alguém “corajoso” por ter assumido a Pasta durante a pandemia. Senadores observaram as opiniões e falas de Wajngarten divergiam das que o ex-secretário apresentou durante sua entrevista à Veja.
Em determinado momento o ex-secretário comentou sobre a entrevista, e afirmou: “incompetência é ficar refém da burocracia. Eu acho que a burocracia e a morosidade na tomada de decisões, que é característica da administração pública, é um problema nos casos excepcionais como a gente tem na pandemia”, declarou. Apesar do áudio divulgado, Wajngarten contestou a versão. “Não fiz nenhuma adjetivação ao general e ex-ministro Pazuello. Em nenhum momento chamei de incompetente”, afirmou durante o depoimento à CPI.
Contradição
Wajngarten também foi contestado sobre outras declarações que fez há pouco. O senador Rogério Carvalho (PT-CE) apresentou à comissão de inquérito vídeo em que Wajngarten gravou virtualmente com o deputado federal e filho do presidente Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Durante o depoimento, Wajngarten disse que não participou da elaboração da campanha controversa “O Brasil não pode parar”, proibida de circular pela Justiça Federal do Rio de Janeiro por sugerir “à população brasileira comportamentos que não estejam estritamente embasados em diretrizes técnicas, emitidas pelo Ministério da Saúde”. Segundo o ex-secretário, ele havia se afastado das atividades do cargo após testar positivo para a covid.
Entretanto, na gravação do último ano em que divide tela com Eduardo, Wajngarten afirma: “Tomando todas as precauções, [a covid-19] não será essa agonia toda que parte da imprensa vem veiculando. Eu sou a prova viva que mesmo testado positivo, a vida segue. Estou trabalhando normal. Tenho feito calls com ministros e com a Secom. Tenho aprovado campanhas. Tenho conversado com os criativos das agências de publicidade.”
Durante o depoimento, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho, propôs que além dos números de mortos pela covid-19 no País, resultado divulgado por uma placa na mesa da presidência da comissão, seja divulgado também a expectativa de vacinas a serem aplicadas.
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