O ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e atual presidente do Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento (TID), Rafael Marques, enviou nesta quarta-feira, 30, a um representante do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pedido de audiência para tentar convencer o banco de fomento a liberar empréstimo para o Grupo Caoa adquirir a fábrica da Ford.
Segundo ele, depende disso a manutenção da fábrica e de empregos. Inicialmente, o grupo precisaria de 650 trabalhadores para tocar a linha de caminhões. Do grupo que deixou a empresa, 1,5 mil se inscreveram para disputar essas vagas.
Na visão de Marques, como o plano do grupo brasileiro é também produzir automóveis futuramente, mais empregos seriam criados. Ele ressalta ainda que, cada vaga na montadora (aberta ou fechada), representa mais quatro na cadeia de produção, que envolve fabricantes de peças, fornecedores de serviços e revendas, entre outros.
"O papel do BNDES não pode ser apenas de bancar as privatizações", disse, ressaltando que o projeto do Grupo Caoa traria investimento importante para a região, inclusive por adquirir a tecnologia de produção dos veículos Ford, incluindo a linha de picapes de grande porte F series.
Segundo fontes do mercado, o Grupo Caoa também discute parceria com fabricantes chineses para ficar com a fábrica do ABC paulista, que precisa de alto investimento para modernização de equipamentos. Cálculos indicam que seria necessário cerca de R$ 1 bilhão.
O Grupo Caoa informou que as negociações para a compra da fábrica continuam, sem dar detalhes. Em nota divulgada na quarta-feira, a direção da Ford também afirmou que as negociações "ainda estão em andamento, sem decisão conclusiva até o momento, e a Ford reitera que continua fazendo todos os esforços cabíveis para alcançar um resultado positivo".
Salário menor
Algumas condições já discutidas entre a direção do Caoa e do sindicato são de que salários e participação dos lucros (PLR) a serem eventualmente pagos a trabalhadores serão cerca de dois terços inferiores aos pagos pela Ford. O plano médico manterá a mesma bandeira, mas com serviços inferiores.
Marques informou que o serviço de manutenção em equipamentos feito pelos trabalhadores antes de encerrarem as atividades garante que a produção de caminhões possa ser retomada em até seis meses. Para a linha de automóveis, o período é de até três anos. "Ou seja, o Grupo Caoa teria até abril para assumir a produção."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.