Por Fabiana Holtz
São Paulo, 06/11/2019 - Bastante otimista com relação ao megaleilão de quatro áreas do pré-sal, que acontece hoje, o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone, reafirmou que diante dos valores em questão é natural que algumas empresas acabem desistindo de participar. "Não são todas as companhias que têm disponibilidade de caixa, interesse e disposição de risco para participar", afirmou Oddone há pouco em entrevista à rádio CBN, ao considerar a desistência de duas empresas (Total e BP) um fato natural.
O leilão pretende arrecadar R$ 106,5 bilhões, sendo que R$ 70 bilhões já estão garantidos pela Petrobras, que antecipou sua disposição em disputar duas áreas, sozinha ou em sociedade com outras petroleiras. Segundo o diretor-geral da ANP, a parte da Petrobras relativa ao megaleilão deve entrar no caixa da empresa ainda este ano, em 27 dezembro.
Sobre a possibilidade de não arremate de alguma área, Oddone afirmou que as áreas que não forem arrematadas hoje rapidamente serão apresentadas em um novo leilão, provavelmente no ano que vem. "É muito raro um leilão em que todas as áreas são vendidas", acrescentou.
O executivo recordou ainda que esse leilão já chega atrasado ao mercado. "O pré-sal foi descoberto no final da década passada. Desde então tivemos a lei do petróleo, a discussão do contrato de partilha e da distribuição da renda. Fruto dessa discussão toda, ficamos oito anos sem leilões. Isso causou um atraso grande na exploração do pré-sal e não transformamos recursos em riquezas. Com isso, no período de 2008 a 2017 nossa estimativa é que perdemos R$ 1 trilhão entre investimentos e arrecadação", afirmou.
Em razão da perspectiva de que o fim do ciclo do petróleo, um recurso finito, poderia acontecer antes do previsto diante de acelerada busca pela substituição de combustíveis fósseis por fontes limpas de energia, o executivo disse acreditar que aparentemente essa é a última oportunidade que teremos para utilizar os recursos do pré-sal. "Temos tempo ainda para aproveitar esses recursos. Essa história de maldição do petróleo não existe, o que existe é má gestão", afirmou.
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