Por Tânia Rabello
São Paulo, 31/08/2020 - O presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcello Brito, disse hoje que o Brasil já despertou para a questão da sustentabilidade ambiental e "caminha forte", nessa direção. "O setor privado e a sociedade acordaram para isso, na questão da necessidade de desenvolvimento mútuo", disse Brito, em live promovida pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), sob o tema "Como conciliar desenvolvimento e preservação ambiental".
Ele criticou, porém, o setor público em relação à questão, dizendo que esse segmento "ficou parado, desnorteado, e não conseguiu acompanhar o desenvolvimento do setor privado". "O setor público, hoje, é uma barreira ao desenvolvimento sustentável do agro", reforçou.
Brito explicou que atualmente, com tecnologias aplicadas por meio de monitoramento de satélite, é possível, por exemplo, monitorar e depurar qual o papel do agronegócio na degradação da Amazônia. Sob este aspecto, citou o trabalho de rastreamento de gado realizado pela JBS, a fim de evitar comprar bovinos para abate provenientes de áreas desmatadas ilegalmente. "É o maior programa de rastreabilidade do mundo", destacou ele, acrescentando que a Marfrig também sugeriu que vai fazer o rastreamento de toda a cadeia produtiva - desde fazendas de cria, até recria e engorda de bovinos. "Disseram que vai demorar cinco anos, mas vão fazer", disse.
O representante da Abag citou, entretanto, que, se o governo colaborasse e fizesse parcerias com a iniciativa privada, em no máximo dois anos seria possível rastrear toda a cadeia produtiva pecuária do Brasil, "lembrando que geralmente a pecuária costuma ser o alvo de acusações de desmatamento na Amazônia", disse, e acrescentou: "O governo tem o fundamental para que isso aconteça: tem o CAR, tem o Sisbov, tem as GPAs, tem o Inpe e tem o Incra", mencionou. "Se um dia o governo resolver cruzar os dados de todos esses cadastros, consegue a rastreabilidade perfeita da cadeia pecuária do Brasil."
Para que isso se concretize, porém, Brito observou que "falta maturidade" para unir os três entes (iniciativa privada, sociedade e governo) para resolver isso. "Ou há falta de ferramental e vontade política, e não só do governo."
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