Por Clarice Couto
São Paulo, 31/08/2020 - O diretor presidente da Fertilizantes Heringer, Dalton Heringer, reforçou que a forte oscilação do dólar ante o real no segundo trimestre de 2020 comprometeu o lucro líquido do período, mas que não teve efeito no caixa da companhia. "A forte variação cambial teve impacto negativo (no resultado líquido da empresa) mas não tem influência no curto prazo", afirmou durante teleconferência sobre os resultados do segundo trimestre de 2020.
A Heringer registrou prejuízo líquido de R$ 47,1 milhões de março a junho, maior do que o prejuízo líquido de R$ 19 milhões apurado há um ano. No primeiro semestre do ano, o resultado líquido foi negativo em R$ 252,1 milhões, mais que o dobro do resultado negativo de R$ 110,6 milhões verificado no segundo semestre de 2019.
Dalton Heringer também chamou a atenção para o baixo nível das contas a pagar no curto prazo, em virtude do plano de recuperação judicial aprovado pelos credores em 3 de dezembro de 2019, que permitiu a transferência de boa parte da dívida para o longo prazo. A companhia tem hoje no passivo não circulante (de longo prazo) R$ 911,8 milhões em contas a pagar. Já no passivo circulante (curto prazo), são R$ 21,622 milhões em contas a pagar. Ao fim do segundo trimestre de 2020, a Heringer tinha R$ 13,521 milhões em contas a pagar (no curto prazo) e R$ 153,9 milhões em contas a receber, segundo a apresentação.
No primeiro trimestre, a companhia tinha R$ 9,353 milhões em contas a pagar e R$ 185,6 milhões a receber. O capital de giro aumentou do primeiro para o segundo trimestre do ano, de R$ 482,3 milhões para R$ 563 milhões. Em 2019, o capital de giro da empresa somou R$ 507 milhões, ante R$ 777,8 milhões negativos em 2018. "Os processos de pagamento de contas de curto prazo são muito baixos e temos feito os pagamentos conforme (prevê) a recuperação judicial", explicou Heringer. Ele esclareceu, ainda, que as dívidas em dólar da companhia, que influenciaram o resultado líquido no trimestre, só serão pagas daqui a dois anos.
Heringer manifestou otimismo em relação aos próximos trimestres, em razão do bom momento por que passa o agronegócio brasileiro, com aumento da confiança do setor, das exportações de carnes do País, boa rentabilidade dos produtores e disposição para investir mais.
O executivo mencionou, ainda, a relação de troca entre produtos agrícolas e fertilizantes, hoje mais favorável aos produtores do que há um ano - ou seja, atualmente é necessária quantidade menor de produto agrícola para adquirir uma tonelada de adubo. "A relação de troca está bastante favorável para as principais culturas, cana, milho, café e soja, e isso leva o agricultor a ter interesse em investir em fertilizantes", disse Heringer. Segundo dados apresentados na teleconferência, a Fertilizantes Heringer trabalha com expectativa de que as entregas de fertilizantes no mercado brasileiro na safra 2019/20 tenham atingido 36,2 milhões de toneladas, ante 35,5 milhões na temporada 2018/19.
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