Por Tânia Rabello
São Paulo, 06/10/2020 - A florada de café neste ano se abriu entre o fim de setembro e início de outubro sob condições de muito calor, seca e, consequentemente, baixa reserva de água no solo, informou o engenheiro agrônomo da cooperativa Cooxupé e cafeicultor, Guy Carvalho, no Fórum Técnico Café e Clima, promovido online nesta tarde, pela própria cooperativa. "Além disso, a previsão de chuva é só a partir de 10 de outubro", continuou. "Essa situação levou as plantas ao limite, pois estão com privação hídrica muito grande", disse ele, referindo-se às principais regiões cafeicultoras do País, em São Paulo e Minas Gerais.
De fato, o déficit hídrico no solo este ano nos cafezais bateu recorde, confirmou o também agrônomo Éder Ribeiro dos Santos, coordenador de Geoprocessamento da Cooxupé, no mesmo evento. "Armazenamento de água no solo baixo, temperaturas elevadas e poucas precipitações contribuem para essa condição", confirmou. "O florescimento ocorreu em situação de temperaturas máximas muito altas e déficit hídrico extremamente elevado."
Ainda segundo Carvalho, outra questão que deve prejudicar a próxima safra é que os cafezais vêm de safra cheia no ano passado, o que exige muito das plantas. "Em 2019 houve a 'bienalidade alta' (na qual os cafezais produzem mais em relação ao ano anterior)", explicou. "Para agravar a situação, nos últimos dez meses as chuvas caíram em níveis muito baixos, menores do que a metade da média histórica; isso maltratou muito as plantas", continuou. "Esse quadro é irreversível e preocupante e com certeza afetará a produção a ser colhida em 2021", disse.
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