Por Leticia Pakulski
São Paulo, 06/10/2020 - O indicador ESALQ/BM&FBovespa Paranaguá (PR) bateu recorde real (valor corrigido pela inflação) na segunda-feira, ao atingir R$ 156,02/saca. O recorde anterior era de 31 de agosto de 2012, de R$ 153,40/saca, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O indicador já vinha atingindo recordes nominais (sem considerar a inflação). A série histórica do Cepea começa em março de 2006. A alta acumulada em outubro pelo indicador é de 5,33% - só ontem a valorização diária chegou a 2,74%.
Em relatório semanal sobre o mercado de soja divulgado na sexta-feira, o Cepea destacou que o ritmo acelerado de processamento e a demanda aquecida, especialmente externa, reduziram rapidamente os estoques domésticos de soja e derivados mesmo em um ano de recorde de produção. "Agora, a disputa acirrada pelo produto restante e os valores altos da paridade de exportação, sustentada pelo dólar valorizado, estão alavancando as cotações domésticas", disseram os pesquisadores.
Segundo o Cepea, indústrias esmagadoras enfrentam dificuldades nas aquisições de soja para recebimento ainda em 2020, o que tem limitado a produção de derivados e se refletido em preços de farelo e óleo de soja elevados no Brasil. "Esse cenário, por sua vez, tem desafiado as indústrias alimentícias quanto ao repasse do custo do óleo e, no caso dos avicultores e suinocultores, dos maiores gastos com farelo de soja."
Ainda conforme os pesquisadores, o cenário altista para os preços da oleaginosa pode continuar na temporada 2020/21. "Isso porque mais da metade da safra de soja (2020/21) já foi vendida e, agora, os sojicultores já estão cautelosos nas novas vendas, devido ao clima quente e seco, que gera incertezas quanto ao volume de soja a ser produzido."
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