Política
17/10/2019 18:44

FGV/Marco Antônio Carvalho Teixeira: Não há possibilidade de pacificação no PSL; sigla nunca foi articulada


Por Marina Aragão, especial para o Broadcast Político

São Paulo, 17/10/2019 - O cientista político Marco Antônio Carvalho Teixeira, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo, afirmou que no PSL "não se encontram possibilidades de pacificação". A sigla de Jair Bolsonaro enfrenta uma crise: derrota do presidente com a consolidação do deputado Delegado Waldir (PSL-GO) como líder da bancada na Câmara; destituição da deputada Joice Hasselmann (SP) da liderança do governo no Congresso, e a denúncia de "rachadinha" contra o deputado estadual Gil Diniz (SP), o Carteiro Reaça, são alguns dos acontecimentos que culminaram nesta fase pela qual passa o partido.

O cientista político afirma que é necessário voltar alguns passos para entender a atual situação do partido do presidente Jair Bolsonaro. Antes "nanico" e "inexpressivo", de acordo com Teixeira, a legenda viveu um processo de renovação e "inchou" após a ascensão de Bolsonaro. No entanto, segundo o professor, o PSL elegeu parlamentares com diferentes tipos de interesses e, apesar de grande, não tem harmonia nem articulação. Há brigas pelo comando do partido e das lideranças regionais.

Para Teixeira, o partido não encontra uma possibilidade de pacificação. "O PSL nunca se constituiu como um partido articulado", afirmou. Segundo o cientista, há uma contradição muito grande entre o que o presidente "vendeu" para a sociedade, como ideais anticorrupção, e o que acontece atualmente na legenda. "A guerra já está declarada e há uma espécie de suicídio coletivo", disse.

Polêmicas

Nesta quinta-feira, 17, o grupo do PSL ligado ao presidente perdeu uma disputa interna quando o deputado Delegado Waldir (PSL-GO) se firmou como líder do partido na Câmara dos Deputados. Não deu certo a estratégia feita pelos bolsonaristas, contrários ao grupo do presidente nacional da sigla, deputado Luciano Bivar (PE), de protocolar duas listas com um pedido de destituição de Waldir e a nomeação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) como líder.

Nos últimos dias, Bivar e Bolsonaro têm protagonizado uma disputa na cúpula do PSL. O presidente da República falou para um apoiador esquecer a legenda e afirmou que Bivar “está queimado pra caramba”. Após o ocorrido, o presidente da sigla disse que Bolsonaro estava afastado do partido, mas o chefe do Executivo não chegou a sair oficialmente.

Na última sexta-feira (11), porém, o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral Admar Gonzaga, advogado de Bolsonaro, solicitou acesso a dados financeiros do PSL. A intenção era saber como Bivar está lidando com as contas da legenda. Na terça, 15, a Polícia Federal (PF) cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de Bivar. Perguntado se a operação da PF poderia ser uma estratégia do grupo bolsonarista para se manter no poder, Teixeira disse que não há como descartar a hipótese. “É difícil haver tanta coincidência”, ressaltou.

Ainda nesta quinta, 17, Bolsonaro resolveu retirar a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) da liderança do governo no Congresso. O substituto no cargo será o senador Eduardo Gomes (MDB-TO), vice-líder do governo no Senado atualmente. A situação ficou complicada quando Joice assinou a favor da permanência do Delegado Waldir na liderança da Câmara.

Outra polêmica no partido foi a acusação do ex-assessor Alexandre de Andrade Junqueira do deputado estadual Gil Diniz (PSL-SP), o Carteiro Reaça. Ele afirmou numa representação que testemunhou "por várias vezes a circulação de dinheiro em espécie" no gabinete do político, líder do PSL na Assembleia Legislativa de São Paulo.

De acordo com o cientista político, um ponto crucial para a crise foi o “laranjal do PSL”. Para Teixeira, a sigla começou a implodir após a denúncia de que o ministro do Turismo e presidente licenciado do PSL em Minas Gerais, Marcelo Álvaro Antônio, tem ligação com um esquema de candidaturas de mulheres vir à tona.

Contato: marina.aragão@estadao.com
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