Por Bruno de Castro
São Paulo, 30/03/2021 - Levantamento realizado pelo banco Modalmais e a consultoria AP Exata aponta que a avaliação negativa do governo Jair Bolsonaro (sem partido) atingiu 44,2% nesta semana, ante 43,7% do último levantamento. O estudo leva em consideração pesquisas de opinião e publicações em redes sociais.
O percentual de pessoas que avaliam a gestão como regular chega a 26,3%, com um crescimento de 0,5 ponto percentual. Já aqueles que têm uma percepção positiva do governo representam 29,5%, cedendo 1.1 p.p. desde a última semana Segundo o levantamento, a tendência continua sendo de queda na aprovação.
Ainda de acordo com o estudo, a movimentação no comando das Forças Armadas foi entendida, sem contestações, como uma instrumentalização das entidades pelo presidente Bolsonaro. A reconfiguração das lideranças pode levar a dois caminhos: o rompimento dos militares com o governo federal ou os comandos aderirem de vez ao bolsonarismo.
A reforma ministerial anunciada ontem pelo presidente controlou os humores da Câmara, que vinha demonstrando insatisfação com a gestão do mandatário acerca da pandemia. Com a nomeação da deputada Flávia Arruda (PL-DF) à Secretaria de Governo, aumentou a influência do Centrão no Planalto. Nas redes, a expectativa é que os ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e da Educação, Milton Ribeiro, sejam os próximos a desembarcar do governo.
A indicação do delegado da Polícia Federal Anderson Torres ao Ministério da Justiça demonstrou que o presidente não abriu mão de controlar, junto a aliados, os setores da Segurança Pública.
Torres é ligado à família e amigo do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), que é alvo de investigação por um suposto esquema de rachadinhas em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Pelas redes, há a especulação de que com a ida de um delegado à Pasta, a Polícia Federal poderá servir de arma política ao governo.
A saída de Ernesto Araújo do Ministério das Relações Exteriores rendeu críticas ao presidente por não ter protegido a ala ideológica, que foi o grupo de apoio a Bolsonaro que perdeu mais espaço no Planalto. Apesar disso, o assessor especial da presidência Filipe Martins, acusado de fazer gestos racistas em comissão do Senado, continua no cargo. Hoje, o escritor Olavo de Carvalho, principal influenciador da ala ideológica, compartilhou em suas redes sociais um texto que acusa Bolsonaro de se "curvar ao Centrão" e insuflar golpes de Estado para "manter acesa a fantasia da claque virtual aloprada".
Com as reformas, o governo Bolsonaro se reinicia em uma nova formatação, com menos espaço para militares e membros da ala ideológica. As mudanças devem garantir governabilidade ao Planalto, com a aproximação do Centrão. Por enquanto, entretanto, não há sinais de que a reforma garantirá apoio popular.
Contato: bruno.castro@estadao.com
Para saber mais sobre o Broadcast Político, entre em contato com comercial.ae@estadao.com