Por Mateus Vargas
Brasília, 20/10/2019 - A ex-líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), disse neste domingo, 20, que o envolvimento do Palácio do Planalto na articulação frustrada para destituir o deputado Delegado Waldir (PSL-GO) da liderança do PSL na Câmara e pôr no cargo o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) é "absolutamente" irregular e imoral.
"Você não pode usar a estrutura de um palácio, do Executivo, para interferir em outro poder. É absolutamente irregular. É absolutamente imoral. Não se pode fazer isso", disse. Segundo a deputada, o movimento envolveu um "grupelho" e "algumas pessoas que foram realmente pressionadas".
Joice declarou que pessoas do Planalto e o próprio presidente Jair Bolsonaro teriam ligado a deputados e pressionado para que eles assinassem a lista sobre troca de líder do PSL na Casa. "O presidente foi induzido ao erro por grupo mais preocupado com fundo partidário, por essas coisinhas que não são tão nobres. O presidente acabou caindo nessa enrascada, usando estrutura do Planalto para ligar para um ou outro parlamentar e fazer Eduardo líder. Seria presente de Dia das Crianças do Bolsonaro", disse.
As declarações foram feitas numa transmissão no YouTube. Ela rebateu acusações de ter traído o presidente. "Eu defendo o presidente da República. Continuarei defendendo, mas não posso defender moleques que tem atrapalhado esse País", disse, referindo-se aos filhos do presidente. Joice também fez duras críticas aos filhos de Bolsonaro. "Todas as grandes crises envolvendo mandato de Bolsonaro têm os filhos envolvidos".
Joice disse também que Bolsonaro não é "canalha". A ex-líder do governo declarou que continua a apoiar o governo nas pautas que "interessam à população". "Mas, de fato, em alguns momentos, os meninos, especialmente o surfista, o neném, têm algumas atitudes canalhas, sim", acrescentou, em referência a filhos do presidente.
Joice foi destituída liderança do governo no Congresso nesta quinta-feira, 17, em meio à implosão do partido. A situação da agora ex-líder do governo no Congresso ficou insustentável após a deputada assinar uma lista de apoio à permanência de Delegado Waldir na liderança.
Na transmissão, Joice disse que Eduardo Bolsonaro indicou o líder do PSL na Câmara ao cargo. "Eu não queria. Tentaram fazer aclamação (para a escolha). Eu levantei contra, ao lado do presidente (Bolsonaro), que ficou do meu lado e determinou eleição. Depois, Eduardo, traindo o próprio pai, começou a fazer lista para colocar Waldir (na liderança)", disse.
A deputada afirmou que não há divisão no PSL entre grupos do presidente e do Delegado Waldir. De acordo com Joice, a articulação pela troca do líder da legenda foi feita pelo “grupo de maluquinhos”, que teria a deputada Alê Silva (PSL-MG), “doidinha da pedra”, e a “pseudoconservadora, que na verdade é abortista e corrupta”, que não nominou. “Gente que está armando bomba-relógio e jogando no colo do presidente”, declarou a deputada.
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