Por Samuel Costa, especial para o Broadcast Político
São Paulo, 31/10/2019 - A afirmação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sobre a instituir um “novo AI-5”, caso a “esquerda se radicalize os movimentos nas ruas” não é condizente com a realidade, para o cientista político Marco Antonio Carvalho Teixeira, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “Pode ter tudo nas ruas, menos manifestações que geram desestabilização”, afirma. “Essa situação pode deixá-lo ainda mais isolado, já que extrapola questões internas e demarca posicionamentos dissonantes”, afirma.
A situação de Eduardo, segundo o professor, pode se complicar na medida em que ele também tem protagonizado um quadro de instabilidade dentro do próprio partido. “O contexto posto por ele é completamente equivocado porque a instabilidade é gerada pelo próprio governo atualmente.” Ainda segundo o Teixeira, a fala é anacrônica porque o quadro político é de “normalidade”. O maior problema, de acordo com o professor, é que a afirmação do deputado gera ainda mais instabilidade nas relações entre a família Bolsonaro e o restante dos Poderes.
“O vídeo das hienas já havia gerado rusgas com o STF, agora essa afirmação acabou atingindo outros Poderes”, afirma, citando a reação do ministro do STF Marco Aurélio Mello e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Maia declarou que a fala do deputado abre precedente para que ele seja punido pela Casa.
“A Carta de 1988 criminaliza e tem instrumentos para punir quem atentar contra seus princípios”, afirmou o presidente da Câmara. Para o professor da FGV, a reação de Maia é significativa. “Se ele reagiu, é porque há evidências de que ele possa ter quebrado o decoro”, diz.