Economia & Mercados
17/04/2019 11:14

Fipe/Moreira: IPC deve ir a 0,30% no fim do mês com alimentos, mas gasolina é ponto de atenção


Por: Thaís Barcellos

São Paulo, 17/04/2019 - A alta de 0,42% (ante 0,47%) do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) na segunda quadrissemana de abril ficou aquém da previsão do coordenador do índice, Guilherme Moreira, que previa 0,45%. Segundo ele, esse comportamento reflete o arrefecimento mais rápido do que o esperado de Alimentação (1,43% para 1,07%), em função da normalização da oferta de produtos in natura. Por isso, Moreira reduziu ligeiramente a projeção para o IPC no fim do mês, de 0,31% para 0,30%. Contudo, o economista alerta que o ponto de atenção é o aumento forte de gasolina (2,59% para 2,44%), que não tem dado indicativos de alívio.

Na segunda quadrissemana de abril, a principal contribuição de alta para o resultado do IPC foi de tomate (34,81% para 31,40%), com impacto de 0,09 ponto porcentual sobre o índice. Mas a evolução da ponta (pesquisas mais recentes) indica arrefecimento adicional, uma vez que estava em 29% na leitura anterior e, agora, passou para 17%.

A gasolina aparece na segunda posição em influência individual para o avanço do indicador, com contribuição de 0,06 ponto. Neste caso, completa Moreira, a ponta passou de 1,40% na medição anterior para 1,80% na leitura divulgada nesta quarta-feira (17). "Não podemos dizer que a tendência é de desaceleração porque não se sabe quais serão os próximos reajustes [da Petrobras]. Tem um componente [no preço da gasolina] que é o câmbio. Quanto mais incerteza, mais alta a taxa de câmbio, e o que não falta hoje é incerteza", diz, referindo-se ao desempenho da atividade econômica.

O etanol (5,63% para 2,78%) sim tem tendência de desaceleração, conforme mostra a evolução na ponta nas últimas quatro quadrissemanas, que passou de 11% para -2,5%, complementa Moreira. Mas o coordenador avalia que o impacto final dos combustíveis sobre o índice ainda será para cima, mesmo que haja migração de parte dos consumidores para o etanol. "O peso do etanol é bem menor no índice. Teria que cair muito o etanol para compensar o peso da gasolina."

Apesar desse risco com o aumento da gasolina, o economista afirma que o quadro para a inflação este ano é muito confortável, e que deve ficar em torno de 4,00%. A projeção oficial atual da Fipe é de 3,98%, mas estimativa deve ser revisada após a divulgação do dado de abril.

Moreira ainda avalia que, mesmo que uma nova greve dos caminhoneiros ocorra este ano diante da tensão com o preço dos combustíveis, o prejuízo sobre a atividade econômica compensaria qualquer efeito de alta na inflação. "Em qualquer cenário, a inflação vai ficar confortável este ano. O problema é a atividade econômica e o desemprego. A atividade econômica este ano está muito fraca. Isso que segura a inflação. Não tem espaço para repasse de preços", afirma.

Contato: thais.barcellos@estadao.com
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