Por: Gustavo Porto
Ribeirão Preto, 31/7/2019 - Levantamento do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) divulgado hoje aponta que a incidência do cancro cítrico cresceu 28% entre 2018 e 2019 nas laranjeiras do cinturão citrícola de São Paulo e sudoeste de Minas Gerais e Triângulo Mineiro. Os dados mostram que a incidência saiu de 11,71% para 15,01% de plantas com sintomas. Em 2017, era de apenas 8,68%, ou seja, avançou 73% em dois anos.
De acordo com o pesquisador do Fundecitrus Renato Bassanezi, o aumento era esperado, pois o cancro cítrico se disseminou em São Paulo após o Estado adotar, em 2017, o status fitossanitário de Área Sob Mitigação de Risco (SMR). Esse status permite a manutenção de plantas com sintoma nos pomares em vez da erradicação adotada no passado.
“O cancro cítrico pode causar perdas de até um terço da produção, por isso, a combinação de aplicações de cobre, implantação de quebra-vento e controle do minador dos citros (inseto que danifica folhas e permite a entrada da bactéria da doença), é fundamental para produzir frutas sem sintomas e para reduzir danos. Quando são adotadas as medidas de mitigação de forma rigorosa, é possível ter alta produtividade e produção, pois os impactos do cancro cítrico são reduzidos”, informou.
As regiões de Votuporanga, com 71,43%, e São José do Rio Preto, com 39,32%, são as com maior incidência do cancro. As regiões de Itapetininga e Altinópolis, ambas com 0,38%, são as com menos incidência. O cancro cítrico é causado pela Xanthomonas citri e atinge todas as espécies e variedades comerciais de citros. Transmitida pelo ar, homens, mudas, veículos e até mesmo pelas chuvas, a bactéria causa perda de folhas nas plantas, lesões e quedas prematuras de frutos, com restrição ao comércio de frutas.
CVC
Já a incidência da Clorose Variegada dos Citros (CVC), também conhecida como “amarelinho”, ficou praticamente estável entre 2018 e 2019 e variou de 1,30% para 1,71% das plantas avaliadas no levantamento do Fundecitrus. A CVC foi identificada pela primeira vez no mundo em pomares paulistas, em 1987, e até o início deste século a doença estava em 40% das plantas, com pico de 43,8% incidência em 2004.
A queda da incidência da CVC é atribuída principalmente ao controle químico intenso feito nos pomares para o combate ao greening, principal praga dos pomares. A ação do inseticida no transmissor do greening também controla a população de cigarrinhas, vetores da CVC.
Causada pela bactéria Xyllela fastidiosa, a doença é transmitida por mais de uma dezena de espécies de cigarrinhas. Os insetos se alimentam do xilema, o tecido condutor da planta, adquirem as bactérias e transmitem para outras laranjeiras. A ação da bactéria torna os frutos duros e improdutivos.
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