Agronegócios
14/06/2021 10:05

Trigo: menor demanda de moinhos pressiona cotações no mercado interno


Por Isadora Duarte e Letícia Pakulski

São Paulo, 14/06/2021 - Os preços do trigo recuaram no mercado interno na última semana, pressionados pela retração da indústria moageira. Moinhos estão bem abastecidos. Além disso, estão reduzindo a moagem em virtude do arrefecimento do consumo de farinha, segundo operadores de mercado. "Têm moinhos operando com 40% a 50% capacidade. Eles têm produto em estoque e vão ver o que vai acontecer (para voltar a comprar)", diz o corretor e consultor Marcelo Haack, da Somma, de Passo Fundo (RS). Assim, a comercialização continua lenta no spot e envolve apenas lotes pontuais.

Na região dos Campos Gerais (PR), comprador indicava entre R$ 1.600 a tonelada posto Ponta Grossa com entrega em junho e julho e pagamento no início de agosto, ante R$ 1.680 a R$ 1.700 a tonelada reportados na semana anterior. Vendedores, contudo, pediam R$ 1.650 a tonelada FOB para retirada em julho. No sudoeste do Estado, corretor viu na quarta-feira oferta a R$ 1.620 a tonelada para retirada imediata e pagamento em 30 dias, enquanto comprador oferecia R$ 1.550 a tonelada. "Até duas semanas atrás, vendedor falava em R$ 1.750 a tonelada e comprador indicava R$ 1.600 a tonelada. O preço reduziu porque caiu também a cotação do balcão de cooperativa", comentou o agente.

Na região de Passo Fundo (RS), no disponível, moinho sugere entre R$ 1.500 a R$ 1.530 a tonelada com entrega imediata e pagamento em 15 dias, ante indicação de R$ 1.560 a R$ 1.580 a tonelada na semana anterior. Nesta semana, lote de volume pouco expressivo rodou na região a R$ 1.530 a tonelada para entrega imediata e pagamento em 15 dias, mas na sequência comprador reduziu propostas para R$ 1.500/t. Muitos vendedores, entretanto, buscam entre R$ 1.600 a 1.650 por tonelada. "Abaixo disso não vai vender e vai esperar para negociar em outubro, porque acha que o preço volta a subir", relatou Haack, da Somma Consultoria.

A comercialização antecipada de lotes da safra 2021, que entra no mercado a partir de setembro, também evolui pouco. No Paraná, corretor viu indicação de compra a R$ 1.500 a tonelada para entrega em setembro e pagamento em outubro, sem interesse de venda. No Rio Grande do Sul, a pedida de produtores é de R$ 95 por saca, em média, da nova safra. Compradores não indicam preço. "Nem a R$ 90/saca fecha a conta para indústria. Moinhos têm trigo para moer até novembro, sem necessidade de comprar." Segundo ele, compradores vão adquirir novos lotes apenas se encontrarem ofertas atrativas.

Safra 2021 - A safra nacional de trigo 2021, que está sendo plantada no País, pode ser 11,3% superior à anterior, segundo estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Em seu boletim mensal de grãos, a companhia elevou em 4,6% a perspectiva de colheita de 6,64 milhões de toneladas para 6,94 milhões de toneladas. A área implantada com o cultivo foi ajustada em 3% para cima, para 2,53 milhões de hectares - alta de 8% na comparação anual.

No Paraná, a semeadura ultrapassou 80% da área prevista, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado. O ritmo dos trabalhos de campo está à frente do observado em igual período do ano anterior e o progresso tende a continuar acelerado, de acordo com o coordenador da Divisão de Estatísticas do Deral, Carlos Hugo Godinho. "Conforme as novas áreas vão sendo plantadas a tendência é que as condições aumentem. 92% estão em situação boa. As condições de umidade de agora permitem com tranquilidade mais duas semanas de números positivos", destaca Godinho.

No Rio Grande do Sul, com a boa umidade do solo, o plantio alcançou 33% da área esperada para a região de Santa Rosa, informou a Emater/RS. A região é a mais avançada na semeadura do cereal no Estado. "As lavouras já semeadas estão com boa germinação, formando bom estande de plantas, com boa aparência no desenvolvimento inicial", disse a Emater.

Contato: isadora.duarte@estadao.com; leticia.pakulski@estadao.com
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