Por Clarice Couto
São Paulo, 23/10/2020 - Os bons resultados financeiros obtidos pela Caramuru em 2020 permitirão à companhia realizar e concluir uma série de investimentos, em várias frentes, conta ao Broadcast Agro o diretor de Fomento da Caramuru Alimentos, Davi Depiné. Até setembro, a companhia já faturou R$ 4,7 bilhões e espera fechar 2020 com receita de R$ 5,9 bilhões, 39% acima do obtido no ano passado.
"O incremento deste ano aumentou em parte por causa do aumento dos preços dos produtos, em decorrência da valorização do dólar ante a moeda brasileira. A demanda chinesa por alimentos também cresceu muito, com a briga entre os Estados Unidos e a China", explica o executivo. A Caramuru não exporta produtos para a China, mas vende farelo e outros derivados de soja para empresas de alimentos que exportam para o país asiático. O volume de soja originado em 2020 deve chegar a 2,050 milhões de toneladas, ante 2,1 milhões em 2019; de milho serão 850 mil toneladas, contra 740 mil no ano passado; e de girassol, 42 mil toneladas, ante 29,5 mil em 2019.
O principal investimento da empresa, destaca o executivo, é um novo terminal rodoferroviário em parceria com a Rumo, em São Simão (GO), que terá capacidade para exportar 5 milhões de toneladas de produtos na safra 2020/21 e deve começar a operar em fevereiro ou março do ano que vem. O valor envolvido no projeto não foi revelado. A Caramuru já tem uma parceria com a Rumo no terminal 39 do Porto de Santos.
Outro investimento, de R$ 165 milhões, está sendo feito em uma fábrica de SPC (farelo de soja concentrado ou proteína de soja concentrada), produzido com grão transgênico, que deve ser concluída em 2022.
A Caramuru também se prepara para iniciar os testes naquela que será a primeira fábrica de etanol de soja do mundo, em Sorriso (MT). O biocombustível será produzido a partir do melaço de soja, subproduto da produção do SPC. Da unidade, além de etanol, sairá ainda lecitina de soja, emulsificante usado em chocolates, margarinas, sorvetes, biscoitos e outros alimentos.
A previsão é de que a operação comercial se inicie em fevereiro de 2021. A unidade recebeu aporte de R$ 115 milhões, sendo R$ 40 milhões financiados pelo Finep (Financiadora de Estudos e Projetos, ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia e Inovação). De acordo com Depiné, a fábrica poderá produzir 6,8 milhões de litros de etanol por ano e 3 mil toneladas de lecitina de soja.
Em Ipameri (GO), a Caramuru deu início à operação, no mês passado, de uma unidade de glicerina bidestilada, utilizada pela indústria farmacêutica. Nela, foram investidos R$ 40 milhões. Também em Ipameri, a empresa está ampliando a capacidade de produção de biodiesel, de 165 mil metros cúbicos para 201 mil metros cúbicos, com aporte de R$ 13,7 milhões.
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