Por Marcela Guimarães
São Paulo, 21/10/2020 - Os preços do trigo devem manter trajetória de alta, com áreas produtoras nos Estados Unidos e na Rússia - o maior exportador mundial da commodity - prejudicadas pelo tempo seco, afirma o Commerzbank.
Apesar das notícias de chuva nessas regiões produtoras, o volume de água não teria sido suficiente. A consultoria Ikar avalia que as precipitações não devem ser suficientes para ajudar no plantio da safra 2021 ou tornar mais fácil o desenvolvimento dos grãos, escreve a analista de commodities agrícolas do banco alemão, Michaela Kühl, em comentário enviado a clientes nesta quarta-feira.
"No sul da Rússia, onde são cultivadas grandes áreas de trigo, o tempo está mais seco do que nos últimos anos", lembra Michaela. "Não há consenso entre os observadores se a área plantada com trigo de inverno deste ano será maior ou menor que a anterior", destaca.
Ao mesmo tempo, o clima também permanece muito seco em muitas áreas de cultivo do cereal nos EUA. O Kansas, que responde por cerca de um quarto do trigo dos EUA, pode ter seu período de semeadura mais seco desde que os registros começaram, há 126 anos, afirma a analista do banco alemão.
"E as condições climáticas provocadas pelo La Niña, que foram confirmadas por vários serviços meteorológicos, não sugerem muito em termos de chuvas de inverno, especialmente na parte sul das Grandes Planícies dos EUA", lembra Michaela.
Em meio a toda essa incerteza sobre a safra de trigo 2021/22, o mercado está cada vez menos "impressionado" com a expectativa de produção mundial recorde na temporada 2020/21. "Na semana passada, a Bolsa de Grãos de Rosário (na Argentina) reduziu a previsão para a safra local, que deve ser colhida a partir de dezembro, em mais 1 milhão, para 17 milhões de toneladas, por causa de seca e geadas", conclui a analista do Commerzbank.
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