Por Leticia Pakulski
São Paulo, 14/10/2020 - A gigante canadense de fertilizantes e distribuição de insumos Nutrien anuncia nesta quarta-feira a aquisição de registros de mais de 100 defensivos genéricos da BRA Agroquímica (BRA), para culturas como soja, milho, algodão, cana-de-açúcar, hortifruti e café. O valor do negócio não foi revelado. Esta é a terceira aquisição da empresa no Brasil este ano - as duas anteriores foram dos grupos de distribuidores de insumos Tec Agro e Agrosema. A Nutrien, que busca se tornar líder em distribuição de insumos no País até 2024, vê oportunidade de novas aquisições nesse segmento já nos próximos meses.
Segundo o presidente da Nutrien na América Latina, André Dias, a compra de registros da BRA faz parte do conceito de ser uma empresa de varejo de insumos que também possui marcas próprias. "Estamos construindo a nossa plataforma de distribuição de insumos no Brasil por meio de aquisições e da presença que já tínhamos anteriormente. Essa aquisição se insere nesse contexto e faz parte da nossa estratégia de produtos próprios", disse Dias, em entrevista exclusiva ao
Broadcast Agro. "Com a aquisição desse portfólio da BRA, nos capacitamos para produzir e comercializar uma série de defensivos genéricos, que serão ofertados aos agricultores junto com os demais itens que produzimos e os que compramos de nossos parceiros estratégicos (outras empresas de insumos)."
André Dias: Nutrien trabalha para assumir liderança na distribuição de insumos no Brasil até 2024
Foto: Divulgação
Conforme o executivo, os defensivos serão comercializados sob a marca Loveland, que hoje já é utilizada pela Nutrien para os segmentos de produtos nutricionais e adjuvantes. A empresa produz ainda sementes e fertilizantes no País. "O objetivo é ampliar a nossa oferta de produtos ao agricultor", disse Dias. O portfólio adquirido da BRA inclui herbicidas, inseticidas e fungicidas.
A Nutrien trabalha para assumir a liderança na distribuição de insumos no Brasil até 2024, segundo Dias. No balanço mais recente, divulgado em agosto, a companhia canadense disse contar com 30 lojas no Brasil, duas misturadoras de fertilizantes de grande escala, um negócio de sementes de soja (Sementes Goiás, adquirida da Tec Agro) e instalações de produção para nutrição especial e sanidade de plantas. A empresa disse ainda esperar que as operações brasileiras gerem mais de US$ 500 milhões em receita em 2020. Até o fim de 2022, o plano é chegar a 100 lojas de insumos no País. "Tem um espaço significativo para crescermos no Brasil", afirmou Dias.
A aquisição de ativos da BRA inclui registros, mas não unidades de produção, e a Nutrien está avaliando onde os itens serão fabricados. "Existe muita capacidade ociosa de defensivos hoje no Brasil e estamos analisando a possibilidade de fazer parcerias que possam nos ajudar a suprir essas necessidades", disse Dias. A conclusão da operação está sujeita à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e do Ministério da Agricultura.
As duas aquisições anteriores anunciadas pela Nutrien em 2020, dos grupos de distribuidores Tec Agro e Agrosema, já estão contribuindo para a expansão da empresa neste ano, segundo o executivo. "Nós praticamente quadruplicamos o tamanho da Nutrien no Brasil em 18 meses, com crescimento orgânico e por meio das aquisições", afirmou. Segundo o executivo, com a Agrosema a empresa ampliou a atuação em São Paulo e Minas Gerais e com a Tec Agro entrou no Estado de Goiás "de forma significativa".
Os negócios integram o plano da Nutrien global de investir US$ 1 bilhão no Brasil para impulsionar a estratégia de crescimento no País. Segundo o executivo, "grande parte" desse volume de recursos será destinada a novas aquisições. "Temos um pipeline bem grande de empresas a serem adquiridas, especialmente no segmento de distribuição. Estamos avaliando várias oportunidades e devemos ter vários anúncios ao longo dos próximos meses", afirmou.
A empresa busca aumentar vendas nos Estados onde já atua - São Paulo, Minas Gerais e Goiás - e passar a operar também em todas as regiões produtoras do Brasil. "Onde houver agricultura estaremos presentes. Obviamente a sequência de encadeamento disso depende da disponibilidade de aquisições", disse o executivo. Conforme Dias, a ideia é crescer adquirindo outros distribuidores ao longo dos próximos dois anos, depois integrar essas operações e dar continuidade à expansão com a inauguração de novas lojas de insumos. "Para você crescer rapidamente, precisa ganhar corpo, e o primeiro movimento é por meio de aquisições, para formar a plataforma. Mas, mesmo durante esses primeiros anos, pretendemos continuar num movimento de expansão orgânica", afirmou. Para 2021, a Nutrien já espera inaugurar lojas próprias, cuja localização ainda não está definida, mas pode ser fechada já nas próximas semanas, segundo o executivo.
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