Agronegócios
23/10/2020 08:45

StoneX/Boi/Caio Toledo: número de animais confinados este ano deve cair ao menos 25%


Por Tânia Rabello

São Paulo, 23/10/2020 - O diretor de Pecuária da consultoria StoneX, Caio Toledo, afastou a possibilidade de haver aumento no número de animais confinados no País este ano. Para ele, é esperado um tombo de pelo menos 25% em relação ao ano passado. Toledo participou do III Seminário StoneX - Desafios e Oportunidades para os Mercados de Commodities, realizado ontem (22), e disse "não acreditar" em alojamento de mais de 6 milhões de animais no cocho em 2020, conforme previsões, por exemplo, da DSM, em seu Tour de Confinamento divulgadas esta semana.

"Eu sinceramente não acredito nesse número de 6 milhões de cabeças", assinalou. "Ficaremos próximos de 3,85 milhões de cabeças confinadas este ano", continuou ele, acrescentando que o que tem visto é que confinamentos maiores "ficaram maiores", já que escalas maiores de produção permitem lidar melhor com a relação custo/rentabilidade. "Já os confinamentos menores estão deixando de existir", disse, com base em levantamentos da StoneX nos Estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Mato Grosso, Rondônia, Tocantins, Pará e Bahia, que são os principais na atividade. "Assim, no total, arredondando tudo, teremos uma redução de 27% a 28% no confinamento este ano em relação a 2019."

Os principais pontos a desestimularem a atividade este ano, conforme Toledo, foram o alto custo do gado de reposição, dos insumos, sobretudo milho, e de um preço que arroba que, em maio - início do primeiro giro de confinamento - não sinalizava ser compensador para a atividade nos mercados futuros da B3. "Em maio a reposição e insumos já eram assuntos em relação aos quais o pecuarista tinha muita preocupação", disse ele, acrescentando que "a falta crônica de bezerros" em São Paulo contribuiu fortemente para a disparada dos preços desta categoria de animal, sobretudo entre maio e agosto, quando o confinador está decidindo o tamanho da sua atividade no ano. "E o boi gordo não estava subindo na mesma velocidade que o bezerro."

Toledo disse, ainda, que em quatro Estados daqueles acompanhados pela StoneX houve perda de poder de compra do pecuarista naquele período. "Ele vendeu o animal gordo e via que o preço futuro, para confinar, não compensava. Ou seja, que a compra do bezerro naquele momento não seria compensadora a longo prazo." Ele lembra também que, com a pandemia, havia muita incerteza sobre qual seria a demanda por carne bovina principalmente dentro do Brasil. "Ele viu que a conta não fechava, aí segurou", disse Toledo, acrescentando que quando ele viu a disparada dos preços do milho "as contas ficaram até piores". "Foi um ano, enfim, em que a reposição e o preço do milho prejudicaram o pecuarista e isso interferiu nas projeções sobre o confinamento."

Contato: tania.rabello@estadao.com
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