Por Julliana Martins
São Paulo, 19/10/2020 - O CEO global da BRF, Lorival Luz, disse que a proximidade das Festas de fim de ano e o fato de que as pessoas devem celebrar em suas casas ou na de amigos e não em grandes reuniões públicas, por causa da pandemia do novo coronavírus, devem levar a um aumento na demanda pelos produtos da companhia nos próximos meses. "Com mais pessoas em casa, nesse momento de cuidado com a saúde, a compra de produtos como o Chester Perdigão e o Peru da Sadia tende a ser maior", afirmou ele na sexta-feira ao Broadcast Agro. Luz ressaltou, contudo, que esta é apenas uma expectativa, já que o cenário atual, com a crise gerada pelo isolamento social, não tem precedentes na história da empresa.
O executivo comentou que a companhia vai continuar investindo no lançamento de produtos processados, acompanhando a tendência de consumo, especialmente a partir do fim deste ano e do início de 2021. E acrescentou que a pandemia acelerou uma série de mudanças nos hábitos dos consumidores. "A busca por praticidade, segurança alimentar e boa qualidade dos alimentos vieram para ficar e a BRF tem trabalhado nisso", disse Luz. Ele lembrou, ainda, que nos últimos dois anos foram realizados ajustes importantes nas operações e na gestão da empresa, levando inclusive à uma redução no índice de alavancagem, medido pela relação entre dívida líquida e Ebitda. "Tudo isso foi uma preparação para este momento de crescimento".
Em relação aos custos de insumos mais altos para a produção de frango, em virtude da valorização do milho e do farelo de soja, o CEO da BRF disse que é natural que haja uma readequação nos preços de venda do produto final. Neste momento, portanto, a companhia vem fazendo uma gestão de custos, buscando eficiência, sem deixar de prestar atenção ao desenvolvimento do mercado, disse ele. Esses custos, porém, não representam uma grande parcela das preocupações da empresa, dado o portfólio com maior destaque para os alimentos industrializados.
Luz destacou, ainda, que o Brasil está muito bem posicionado para se manter o maior exportador de carne de frango do mundo, sendo a BRF a maior participante desse mercado no País. Segundo ele, a China vai continuar sendo um parceiro comercial importante, considerando que a recuperação do plantel de suínos chinês após a peste suína africana não deve ocorrer no curtíssimo prazo. O executivo chamou atenção também para o crescimento da população mundial, e admitiu que uma grande demanda por proteína animal vem da China, mas não apenas de lá. "Mesmo que a China se recomponha, essa demanda não vai sumir", acrescentou.
Após o pico da pandemia do novo coronavírus no Brasil, as operações das fábricas da BRF já estão a todo vapor, com a capacidade produtiva dentro de um padrão ideal, segundo o CEO. Na avaliação dele, o maior desafio já passou. "Hoje nós já temos um procedimento consolidado, testado e aprimorado para operar. No primeiro momento, a preocupação era em como não parar as atividades ao mesmo tempo em que era necessário implementar novos processos e adquirir os equipamentos de proteção individual (EPIs)", contou.
Durante os seis meses de ocorrência da covid-19, a BRF distribuiu mais de 4 milhões de máscaras descartáveis e 639 mil litros de álcool em gel. Além disso, foram realizados cerca de 113 mil testes de diagnóstico da doença em 70 mil colaboradores, em mais de 70 localidades. A companhia também informou que mais do que dobrou a frota original de ônibus, com a contratação de cerca de 400 veículos para garantir a redução na ocupação dos funcionários. Já em relação à mão-de-obra foram contratados 6,7 mil pessoas, em cargos temporários. Com isso, em junho, os gastos da BRF relacionados à prevenção do coronavírus já haviam somado R$ 247 milhões.
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